domingo, 28 de abril de 2013

pêndulo

Casas abandonadas a fascinavam. Fazia muitos anos que, sorrateiramente, invadia alguma durante a noite e fotografava cômodo por cômodo. Ia sempre sozinha, nunca tivera medo. Não era diferente naquela noite. Levava uma mochila nas costas, a câmera guardada dentro dela. Andava devagar, absorvendo os detalhes, se controlando para não tocar nos alto-relevo. 
Havia um grande relógio, encostado na parede. Estava quebrado e parecia muito mais antigo que o resto da casa. A moça não se controlou e tocou nele. Uma quantidade absurda de pó sujou sua mão. Limpou-a distraidamente na camiseta. O pêndulo do relógio se encontrava caído, e as mãos já não apontavam a hora certa. 
Puxou um casaco da mochila e o vestiu, voltando a andar. A noite esfriava rapidamente. Ela não se importava com o frio. Parou no que achou ser a sala de jantar da casa e pegou a câmera, começando a fotografar os cômodos. A casa estava mais quieta do que nunca. Nem a madeira rangia mais. 
O relógio bateu a meia noite.

30/12/12