sábado, 4 de junho de 2011

mar

O cheiro do mar me acertou em cheio. Respirei profundamente, absorvendo-o. Eu não havia percebido que sentia falta disso. Arranquei o chinelo dos pés, sentindo a areia fofa entre os dedos. Continuei andando, decidida. Cheguei ao topo da duna e olhei para o horizonte. O sol estava se pondo, mas o mar brilhava fracamente, refletindo sua luz alaranjada. O rugido das ondas era baixo, mas constante. Saí correndo na sua direção, rindo.
A água era gelada. Ri mais alto, correndo mais para o fundo. Em segundos eu estava encharcada. Continuei andando, empurrada pelas ondas, puxada pela correnteza. E então, subitamente, afundei. O susto me fez abrir a boca, e eu senti o gosto de sal. Lutei para ir para cima, e descobri que era apenas um buraco.
E então continuei andando, até onde eu não alcançava mais o chão, me deitei em cima das águas, boiando para longe da arrebentação. Não sei por quanto tempo vaguei, mas então estava no lugar certo. Afundei. Inspirei, sentindo a água entrar nos meus pulmões, mas não havia dor. Eu estava em casa.

Porque há simplesmente algumas pessoas
Para quem vale mais a pena perecer em seus
Elementos do que continuar vivendo no cinza chumbo
Das cidades. Afinal, tudo que é do mar
Um dia
Retorna ao mar.

1/11

Um comentário:

Bruno Antonelli disse...

Tá, tentei evitar mas só de ler de novo esse verso no final preciso me manifestar!

Não, sério, just awesome. *faz outra reverência*